ESPIRITISMO, FILOSOFIA E RELIGIÕES

O ESPIRITISMO,  AS FILOSOFIAS E AS  RELIGIÕES


Para situar o Espiritismo face às filosofias e religiões, transcrevemos a seguir alguns trechos da obra de Edgard Armond intitulada "Religiões e Filosofias":


O Espiritismo pode ser encarado como religião, sem contudo apresentar as caractérisitas que estas possue. Pode ser posto entre as filosofias e, nesse terreno, apresenta logo condições de vivo destaque, porque oferece possibilidades novas de conhecimentos mais amplos e mais elevados. Pode ser considerado uma ciência, no que se refere ao conhecimento da vida cósmica, e também nesse terreno ganha relevância, porque permite soluções de prob lemas até hoje considerados insolúveis, oferecendo meios de analisá-los direta e objetivamente. Está na raiz e na essência de todos os conhecimentos, engloba-os todos e pode ser considerado uma. espécie de cúpula a rematar, pelo alto, a vasta e complexa estrutura do pensamento religioso, na sua evolução até o presente.


Entretanto, apesar de integrar-se em todas as manifestações da religiosidade humana, representada pelas doutrinas que vimos estudando,o Espiritismo tem origem diferente. Senão, vejamos :


Nada possui dos cultos primitivos do totemismo, conquanto os efeitos resultantes da adoração de objetos, animais, plantas e elementos da Natureza sejam, até certo ponto, frutos da intervenção de forças e entidades dos planos da vida espiritual inferior.


Não é o fundamento das concepções da trilogia chinesa mas, no entretanto, está ali bem expresso e vivo no culto prestado aos antepassados e nas práticas que os chineses utilizam para o intercâmbio que com eles mantêm, após a morte.

 Não descende do hinduísmo, porque não admite separações de castas, nem privilégios sacerdotais.


Do vedismo não tem as cerimônias supersticiosas, a prática de sortilégios, o misticismo grosseiro; do bramanismo, a rigidez impiedosa, as limitações desesperadoras e o conceito da metempsicose, que admite o retrocesso do espírito às formas da vida animal inferior.


Se oferece muitos pontos de contato com o budismo, no que respeita à fraternidade e ao sentimento de caridade para com o próximo, todavia não aceita dele essa concepção gnóstica de poder o homem viver sem Deus, evoluindo unicamente pela renúncia e gelo desapego das coisas do mundo, porque sabe que as coisas materiais são necessárias e úteis à elevação do espírito, porque é com auxílio do mundo material que pode realizar as experiências da sua própria evolução; por isso mesmo não aceita o isolamento, o ascetismo, o anacoretismo, mas, ao contrário, aconselha o trabalho em comum no campo da vida social, a partilha das dores e das alegrias, dos erros e dos acertos, para que o ser humano possa subir em perfeito equilíbrio, adquirindo da vida um conhecimento integral e completo.


Se reconhece, com o mazdeísmo, a existência de forças que levam para o mal, não aceita o Mal como tendo existência à parte e independente, como um poder distinto e antagônico, mas, ao contrário, prega que o Mal é unicamente a ausência do Bem, uma ação praticada por espíritos ignorantes, em condições inferiores de conhecimentos; que, com o correr do tempo, pelo uso do livre-arbítrio e pelas experiências sucessivas que fizerem., passarão a agir em planos diferentes, praticando unicamente o Bem.

Se existem no Judaísmo, em relação ao Espiritismo - em todas as manifestações de espiritualidade que ele demonstra, bem como no intercâmbio com as entidades espirituais superiores - estreitos contatos e similitudes doutrinárias; se o Judaísmo é religião monoteísta e matriz do cristianismo, todavia sua organização sacerdotal, exclusivista e com visos de predestinação racista, oferece diferenças profundas com o Espiritismo, que é universalista, despido de formulas, e essencialmente regenerador do espírito humano


E quanto ao Islam ?
O fanático fatalismo islâmico não encontra lugar na doutrina que reconhece o livre-arbítrio como um dos atributos mais importantes do ser humano em evolução.
Apesar de também monoteísta e imortalista, o Islam, pelo exclusivismo religioso, que o levou da propagação de seus dogmas pela força, afasta-se do Espiritismo, que prega a fraternidade entre todos os homens e a. tolerância sob todas as formas e condições.


E como situá-lo em face do cristianismo oficial?
As religiões organizadas, visando o poder temporal, apesar de se apoiarem nos testamentos sagrados dos hebreus e nos Evangelhos cristãos, usam, de interpretações literais, afeiçoadas a seus próprios interesses, sem esforço de penetração mais profunda e sem exemplificação evangélica na vida prática, mormente no que respeita ao próprio indivíduo.


O Espiritismo norteia os homens para o conhecimento evangélico segundo o espírito e não segundo a letra, e para sua exemplificação em todos os atos da vida individual; visa, sobre toda outra qualquer atividade, cristianizar a humanidade, evangelizando-a.


O Espiritismo é, pois, o mais avançado e perfeito sistema de iniciação espiritual dos tempos modernos, e as claridades dos seus ensinamentos iluminam os caminhos do adepto, como jamais o conseguiram, quaisquer outras das doutrinas até hoje conhecidas e professadas, porque desde o seu advento realizou, entre muitas outras, estas coisas notáveis:


1°) colocou as verdades essenciais ao alcance de toda a humanidade, sem distinções ou limitações de qualquer natureza, salvo as referentes à própria negatividade individual;
2°) completou o quadro dos conhecimentos espirituais, compatíveis com o entendimento dos homens desta época, transmitindo esclarecimentos ainda não revelados até o presente;
3°) eliminou a necessidade de iniciações secretas e sectárias, generalizando seus conhecimentos para toda a massa do povo, sobretudo popularizando o intercâmbio entre os mundos, pela mediunidade;
4°) demonstrou que o progresso espiritual só pode ser realizado em boas condições mediante o desenvolvimento, equilibrado e, recíproco, do sentimento e da inteligência;
5°) revelou que o Cristo - o Verbo - é o arquiteto da estruturação e da organização da vida neste planeta, medianeiro entre Deus e os homens, e que seu Evangelho é a síntese da mais alta moral e a norma da mais elevada realização espiritual;
6°) evidenciou que o conhecimento das coisas de Deus não deve nem pode ser adquirido por métodos contemplativos, no isolamento das coisas do mundo, mas, ao contrário, pio convívio de todos os seres, ao contato das dores, das misérias e das imperfeições de todos os homens, porque a vida, ela mesma, é que fornece experiência, sabedoria e elementos de aperfeiçoamento;
7°) libertou o homem da escravização religiosa e do esforço, quase sempre improdutivo, da especulação filosófica, ofertando-lhe conhecimento reais, concludentes, lógicos e completos, todos eles, como já dissemos anteriormente, passíveis de demonstração experimental.
Vimos que o Espiritismo está no âmago de todas as doutrinas, conquanto não dependa item descenda de nenhuma delas.


É ele então uma doutrina à parte, original ou, diferente?
Não. O Espiritismo é a grande árvore, que tem muitos galhos, cada qual apontado num sentido e dotado de fisionomia, própria, conquanto sem muitas diferenciações no conjunto.
O Espiritismo, todavia, não é simplesmente, uma nova árvore nascida isolada e de feição especial, mas também uma força nova, que veio, cobriu todos os ramos da árvore antiga, uniu-os entre si, fechou todas as lacunas, sobrelevou-se a todos e prolongou, a árvore para cima, tornando-a mais forte, mais alta, mais perfeita.


Trouxe conhecimentos que estavam revelados parcialmente em todas as demais doutrinas, completando-as, esclarecendo-as. Tem estado de uma certa forma coexistente desde sempre em todas elas, e somente com o seu advento os pontos obscuros puderam ser com preenchidos, os erros corrigidos e as falsas interpretações substituídas por outras mais reais.


Qual destas doutrinas não prega ou não pregou a imortalidade, ou a vida post-mortem ?
Qual delas não reconhece a existência de um Deus soberano ou de uma hierarquia de entidades espirituais subordinadas ?

Qual não prega o exercício do Bem como condição de salvação ou de progresso espiritual ?
Qual não reconhece um Criador e uma criação?



Tudo são pontos comuns.
Em qual delas não são reveladas manifestações de entidades que viveram na Terra?
E não há referências muitíssimo claras da posse de faculdades mediúnicas por parte de seus homens e mulheres, seus santos e heróis ?
São outros pontos comuns.


E a maioria das doutrinas citadas não admite ou demonstra a reencarnação ? As vidas sucessivas e a pluralidade dos mundos ?
E muitas delas não admitem também a involução e a evolução do ser individual?
Não são outros pontos comuns ?


Mas então é de se perguntar: que é que o Espiritismo trouxe de novo ?
E a resposta é: trouxe provas e alargou os conhecimentos. Se todos falam de imortalidade, se muitos pregam a reencarnação e as vidas sucessivas nos diferentes mundos do Universo, entretanto somente o Espiritismo trouxe as provas desses fatos os detalhou de forma objetiva; somente ele estabeleceu bases seguras e indiscutíveis do intercâmbio entre seres habitantes de mundos e esferas diferentes; colocou a mediunidade como fundamento desse intercâmbio e estabeleceu as regras para sua realização; desvendou novos campos no conhecimento da vida além-túmulo e nas relações dos seres habitantes dos diferentes mundos e esferas; mas, sobretudo, desenterrou o Evangelho da mistificadora capa das interpretações literais, fazendo-o ressurgir no seu verdadeiro aspecto e significado; com tudo isso deu novo alento à alma humana, novas seguranças nos corações descrentes e novos rumos aos espíritos imersos em perturbação religiosa. Trouxe as novas esperanças do Paracleto.
Por isso é que ele se chama o Consolador, a Terceira Revelação, o Cristianismo Revivido.


Fontes :
 http://www.kardecismoonline.com.br/index.html
"Religiões e Filosofias" - Edgard Armond (Caps. VII, VIII, IX e XI).




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